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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

É hora de despertar


“Isso é tanto mais importante porque sabeis em que tempo vivemos. Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé. A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites.” (Rom 13, 11-14)

São Paulo está dizendo isto, porque a vinda do Senhor está próxima. A nossa salvação e a salvação da nossa família está mais perto do que quando conhecemos o Senhor.

Baixe e ouça essa pregação

Hoje, infelizmente, a corrupção, a imoralidade e a depravação na terra são tremendas. Nós estamos vivendo em tempos onde existe uma enorme dificuldade de viver a nossa na prática por causa das trevas que nos envolvem, porque ela é muito forte e nós percebemos que há um véu de impiedade que pesa sobre nossos corações. Impiedade é justamente esta negação de fé, é uma rebeldia e um afastamento de Deus. Ela tem suas consequências na maldade. Mas não é culpa nossa, é o clima que nos envolve, é como a poluição das grandes cidades que diminuem o oxigênio do ar. Estamos vivendo um clima de poluição espiritual.

"Você é o instrumento que Deus escolheu para a salvação da sua família", afirma monsenhor Jonas

O mundo está na poluição da impiedade, mas o Senhor está nos alertando de que a noite já vai adiantada. No entanto, graças a Deus, o dia já vem chegando. Não caia nessa de ficar com medo da vinda do Senhor, pois Ele virá para nos arrancar desta situação.

Jesus disse que a vinda do Filho do Homem se dará como nos dias Noé, ou seja, os homens viviam uma vida normal, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na Arca e veio o dilúvio.

Você precisa proclamar que Deus constituiu a sua casa como a Arca da Salvação para todos os da sua família. E Deus viu que somente Noé foi considerado justo. Não que ele era o "certinho", mas Noé era justo, porque temia e obedecia ao Senhor. Por isso, ele foi salvo com toda a sua família. É Deus dizendo que você, homem ou mulher, adulto ou jovem, é o instrumento que Ele escolheu para ser a salvação da sua família.

Até você que é jovem e diz que seus pais não querem saber de nada, nem mesmo os seus irmãos. Deus escolheu você como escolheu Noé. Se você for obediente como Noé foi, você vai ser instrumento de salvação para todos da sua família, porque Deus não quer salvar somente a você, mas a todos. Só não será salvo quem realmente não quiser. Você foi esta pessoa escolhida para ser, quem sabe, o único Noé da sua casa.

O que Noé tinha para esperar do mundo na época dele? Nós também não temos mais o que esperar deste mundo que só aplaude a imoralidade, a depravação e a maldade. Não temos mais nada a esperar a não ser que os filhos e as filhas de Deus se deixem converter e que o Senhor venha e lave a face da terra.

Diga: "Eu começo, hoje, o primeiro dia da minha vida. Entrego minha vida em Suas mãos, Senhor. Quero que Jesus seja o Senhor da minha vida".

(Trecho da palestra "É hora de despertar" de 2 de setembro de 1999 com monsenhor Jonas Abib)

fonte: Canção Nova

terça-feira, 23 de agosto de 2011

* Quais os estados e cidades mais “Católicas” do Brasil? Veja pesquisa.

Fonte G1

A proporção de brasileiros fiéis ao catolicismo caiu ao menor nível já registrado desde 1872, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (23) pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar da queda, o catolicismo ainda é a maior religião no país, seguida pela igreja evangélica e pelo espiritismo.

Os dados fazem parte de um mapa de religiões traçado pela FGV. Segundo o estudo, 68,43% da população brasileira se dizia católica em 2009, cerca de 130 milhões de pessoas.

Conforme o estudo, a proporção de católicos vinha se mantendo constante no início dos anos 2000, mas houve queda de 7,3% dos adeptos ao catolicismo entre 2003 e 2009. A pesquisa reuniu microdados de pesquisas do IBGE com cerca de 200 mil entrevistados na década passada.

Uma das razões apontadas para a queda é o crescimento na proporção dos evangélicos no mesmo período (de 17,9% para 20,3% da população). Além disso, o grupo de pessoas que dizem não pertencer a nenhuma religião subiu, de 5,13% para 6,7% da população. No início da década, o índice dos “sem religião” havia caído, de 7,4% para 5,1%.

Ainda segundo a pesquisa, as mulheres continuam mais religiosas do que os homens, mas a proporção se inverteu no período analisado com relação ao catolicismo. Enquanto 71,6% se dizem católicas, 75,4% dos homens expressam pertencer a essa religião. Setenta anos antes, eram 96% e 95%, respectivamente.

Estados e capitais

O Piauí é o estado com maior número de católicos (87,93%), seguido pelo Ceará (81%) e Paraíba (80,25%). Os menos católicos são o Acre (50,73%), Rio de Janeiro (49,83%) e Roraima (46,78%). Roraima é também o estado com maior proporção de sem religião (19,39%), seguido do Rio de Janeiro (15,95%).

Ainda conforme o estudo, a periferia do Rio de Janeiro é a menos católica e menos religiosa de todas as metrópoles brasileiras. No outro extremo está a periferia de Porto Alegre e de Fortaleza, respectivamente, a mais religiosa e a mais católica.

Entre os evangélicos pentecostais, o Acre é o que contabiliza a maior proporção de adeptos (24,18%). Nas demais denominações evangélicas, o líder é o Espírito Santo (15,09%). O Sergipe é o estado com o menor percentual de evangélicos pentecostais (4,75%).

O Rio lidera em religiões espíritas (3,37%) e afro-brasileiras (1,61%), seguido, nos dois casos, pelo Rio Grande do Sul (2,34% de espiritualistas e 0,94% de afro-brasileiras). Já nas religiões orientais ou asiáticas, São Paulo possui o maior nível de adeptos (0,78%), seguido pelo RJ (0,69%) e Distrito Federal (0,52%).

Nas capitais, Boa Vista, Salvador e Porto Velho são as que possuem maior proporção de pessoas sem religião. Teresina é a capital mais católica do país, com 80, 66% de fiéis, seguida de Fortaleza (74,25%) e Florianópolis (73,91%). Boa Vista é a menos católica (40,87%). Os evangélicos são maioria em capitais da região Norte: Rio Branco (28,43%), Belém (23%), Boa Vista (21,21%) e Porto Velho (19,02%).

Renda

Com relação à renda, a grande parte dos sem religião está concentrada na classe E (7,72% deles não possuem religião), seguida pela classe A/B, com 6,91%. O mesmo acontece no catolicismo, que se concentra principalmente entre essas classes.

Evangélicos pentecostais são 14,98% da classe D. Já as igrejas evangélicas mais tradicionais estão mais concentradas na classe AB (8,35%) e C (8,72%). Outras religiões também estão mais concentradas na classe A/B.

fonte: Carmadelio

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O ideal é o oxigênio que o leva longe


“Chamo-me Jorge Egídio Hartmann, sou frei Franciscano com uma vivência religiosa de 38 anos e 31 de vida sacerdotal”. Foi assim que iniciou a entrevista o autor do livro, muito conhecido no Brasil, “Francisco, o Irmão sempre alegre”, que nos falará da espiritualidade franciscana e sobre vocação.

“Tenho a alegria, a honra e o desafio de responder ao jeito franciscano de seguir Jesus”, afirma o religioso. O carisma franciscano é vivo e atuante na Igreja há 800 anos.

“Francisco nunca pensou em fundar um ordem religiosa”, revela o frei, “porém sua vivência foi seguida por muitos.”

Nosso entrevistado fala com entusiasmo sobre o carisma que atrai jovens do mundo inteiro nos tempos atuais: “Muitos jovens se sentem provocados a dar passos corajosos para uma escolha radical. Temos que ter sempre a jovialidade e não necessariamente em idade. Se somos somente consumistas e buscamos prazeres imediatos vamos nos tornando velhos, não há nada de novo. O Evangelho nos propõe sempre viver o novo que devemos construir aqui nesta terra.”

:. Ouça a primeira parte desta entrevista

*Testemunhos da época relatam que a pregação de Francisco era direta e simples, longe da eloquência sacra de seu tempo, mas afirmam que sua sinceridade e compreensão das dificuldades da vida popular, sua habilidade em evocar imagens ilustrativas vivazes em pequenas parábolas ou histórias retiradas de suas experiências do cotidiano entre o povo e sua capacidade de apresentar a doutrina cristã de forma inteligível faziam com que seu discurso tivesse um efeito persuasivo profundo.

Continuando o depoimento, Frei Jorge fala de sua vocação: “O que me faz permanecer é o mesmo chamado inicial , nesses anos de vida franciscana eu nunca vi o ideal como algo que não valesse a pena, o vejo da mesma forma: provocador, motivador e isso me anima e me faz andar. Os santos nos ensinam a nunca desanimar, por isso o meu ideal é o mesmo. É claro que com o tempo minha visão foi sendo lapidada e se tornando mais clara, mesmo não estando pronto, pois enquanto caminhar nesta terra buscarei dar passos para crescer espiritual e humanamente.”

O religioso também nos ajuda a entender o que seria vocação, já que estamos no mês vocacional: “Para mim, vocação é chamado, ela nunca parte de nós, é sempre Deus quem nos chama. Vocação é buscar corresponder ao chamado, se Ele nos chama Ele nos capacita, pois mesmo sendo limitados, Deus sabe bem o que fazer com o vaso de barro.”

Nosso momento de partilha é encerrado por uma visão animadora, porém, muito concreta sobre a busca do encontro com o chamado: “O ideal é o oxigênio que faz você olhar mais longe, e nesse contexto vemos a cruz que tanto Francisco amou, não é uma cruz sem sentido, é uma cruz libertadora, uma cruz associada à redenção. Tenha a coragem de dizer ‘sim’, de dar passos, não fique de braços cruzados! Vá ao encontro do seu chamado. Deus vai se revelando pouco a pouco.”

:. Ouça a segunda parte desta entrevista

Eliana Ribeiro reza sobre vocação


sábado, 13 de agosto de 2011

Celebrando o Dia dos Pais



Eles também têm seu dia no calendário da “sociedade de consumo”, exploradora comercialmente de nossos mais nobres sentimentos. Esse dia costuma ser comemorado com menos manifestação exterior que o Dia das Mães. Sem dúvida, com igual amor e gratidão. Tudo no pai é mais sóbrio e austero; tudo na mãe, mais carinho e doçura.

Ambos carregam, no entanto, a mesma missão com serviços complementares e igualmente necessários: são dois chamados a serem um. Na matemática do amor, um mais um não são dois, mas sempre um. Quando separados, nada mais difícil entender e desempenhar o que são: pai e mãe. Nada mais pesado do que um fazer também as vezes do outro, ou seja, um ser dois. O ideal seria homenageá-los, os dois juntos, em um só dia do calendário, em total respeito ao plano do Criador, conforme a palavra do próprio Jesus: “O que Deus uniu o homem não deve separar.” (Mt 19, 6)

Em busca da realização de seus sonhos, atrás de cada família há um homem chamado de pai. Sua dedicação e seu desprendimento jamais serão bastante proclamados. Uma de suas principais tarefas: sustentar o clima de segurança dentro do lar que não se restringe aos limites de mero fornecedor do necessário, em termos materiais, para a família. Sua função paterna é de imprescindível valor para a formação da personalidade sadia dos filhos.

Essa segurança, como a transmite? Não há de ser só por palavras com orientações e conselhos. Há de ser, sobretudo, por uma presença amiga, serena, sem perder a cabeça diante de intrincados problemas. Há de ser exercendo uma autoridade que brota do amor viril e maduro, terno e acolhedor, comunicativo e envolvente. Há de ser com aquele amor que o faz capaz de dialogar, que lhe dê força para tornar-se, não agressivo e prepotente, mas paciente e capaz de perdoar; de dizer “sim” com alegria e dizer “não” com carinho. E ser um pai para a vida toda…

Nada fácil desempenhar esta missão. Mais difícil o é em tempos atuais quando a figura de um pai autoritário não tem mais vez. A vez agora é de pai mais companheiro. Ser pai é dar a vida. É isso, e isso é tudo. Dar a vida não é, simplesmente, fazer alguém existir. A maior grandeza da missão paterna é existir para quem deu a vida.

O Dia dos Pais oferece-nos a oportunidade de refletir sobre o que seja ser filho. Comecemos por lembrar o mandamento do Senhor: “Honra teu pai e tua mãe”. A criança honra-os prestando-lhes obediência. Ao adulto, Deus ordena honrá-los sendo para eles o melhor amigo e companheiro e não os deixando sós e desamparados na velhice. Há que se dar toda ênfase ao conselho bíblico: “Meu filho, cuida de teu pai na velhice, não o desgostes em vida. Mesmo se sua inteligência faltar, sê indulgente com ele, não o menosprezes, tu que estás em pleno vigor. Pois uma caridade feita a um pai não será esquecida e no lugar dos teus pecados ela valerá como reparação.” (Eclo 3, 12-14)

Quem não precisa de um pai? A criança precisa dele para brincar de cavalinho e correr para abraçá-lo. Ele, o adolescente, para educar virilmente sua personalidade; ela, a adolescente, para descobrir no seu comportamento a figura do homem. Os jovens precisam dele para receber estímulos que os encorajem a assumir o engajamento profissional e uma família. O filho adulto há de ver nele um insubstituível amigo. E o pai, na sua velhice, não deve ser considerado um ser inútil. Se não conseguir ensinar o filho a envelhecer, terá o direito de receber dele a manifestação de um coração sempre agradecido. Precisa do pai até mesmo quem não mais o tem no mundo dos vivos.

Feliz do filho e da filha que não esquecem a memória de seu pai e podem lembrar-se do exemplo deixado por ele a ser seguido.

Dom Eduardo Koaik



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por
CNBB

fonte: Shalom

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

JMJ 2011, uma missão mundial para a juventude


Espalhando para o mundo o testemunho de solidariedade


A Jornada Mundial da Juventude é um novo tempo que floresceu no coração da Igreja. O evento foi criado por João Paulo II, um homem que teve sua vida voltada a coisas muito comuns para a juventude. Uma inspiração desse tipo somente poderia ter brotado de um coração apaixonado pelos jovens. Não é difícil encontrar fotos e relatos desse homem jogando bola, acampando, praticando canoagem, entre outras muitas atividades, as quais poderíamos até considerar “radicais” para aquele que mais tarde se tornaria o Sumo Pontífice da Igreja Católica.

Ao longo de todo o seu pontificado, João Paulo II sempre esteve próximo daqueles a quem ele via como a esperança da Igreja, e com eles participava ativamente de cada uma das jornadas.

Na maioria dos eventos seculares, tais como: passeatas, manifestações públicas, shows, entre outros, o sucesso de cada edição é medido pelo número de participantes. Uma grande concentração de pessoas é considerado um encontro de sucesso. Com base nesses indicadores, as mídias noticiam os recordes de participações.

A grande característica da unidade multirracial, promovida pela JMJ, está nos inúmeros testemunhos de solidariedade e de fraternidade vividos entre os participantes vindos dos mais diversos países. Em meio às muitas bandeiras nacionais, que se agitam em mastros improvisados identificando a origem de cada grupo, parece haver um diálogo entre os diferentes povos, ocasiões nas quais a alegria e o sorriso parecem ser assumidos como o idioma oficial entre eles.

No que se refere aos objetivos dessas jornadas, iniciadas por João Paulo II e que contam com a mesma dedicação do Papa Bento XVI, percebemos que os interesses transcendem a simples intenção de quebrar recordes ou promover apenas mais um momento de lazer.

A cada nova Jornada Mundial da Juventude, a Igreja empenha-se em preparar aqueles que participam diretamente do evento para viver com fidelidade seu testemunho evangélico. Aos participantes fica o compromisso de espalhar os efeitos e tudo aquilo que foi vivido e ensinado nesses dias no cotidiano.

Uma frase que, particularmente, acredito sintetizar os objetivos de todas as Jornadas Mundiais foi a saudação do Papa João Paulo II aos jovens: “Vocês são o futuro do mundo, vocês são a esperança da Igreja, e a minha esperança”. Percebe-se, nessas palavras, a verdadeira intenção daquilo que, para muitos, poderia ser apenas um movimento em que muitos jovens se uniriam para celebrar um acontecimento. Mas no coração daquele pastor estava a intenção de transformar a singela reunião em missão para a juventude mundial.

Aos inúmeros jovens, fica a missão da retomada, uma vez que, enraizados e edificados em Cristo, permaneçam firmes na fé, espalhando para o mundo o testemunho de solidariedade em suas paróquias, trabalhos, sobretudo em suas famílias.

Dado Moura
contato@dadomoura.com

Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros
Outros temas do autor: www.dadomoura.com
twitter: @dadomoura
facebook: www.facebook.com/reflexoes

fonte: Canção Nova



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

“Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito”.


reflexão de tirar o chapéu.

***

ELIANE BRUM

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo,da mais despreparada.

Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço.

Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida.

E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.


Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.


Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.


Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção
e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.


É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. P
ara estes,frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado?

Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

fonte: Carmadelio - Shalom